O Lobo e o Cordeiro

O Lobo e o Cordeiro
O Lobo e o Cordeiro

Um dia tranquilo no riacho

Era uma manhã ensolarada na floresta. O canto dos pássaros se misturava ao som suave da água correndo por um riacho cristalino. Entre as árvores, um cordeirinho brincava alegremente. Corria de um lado para o outro, pulando entre as flores, até que sentiu sede. Então, caminhou até a beira do riacho e começou a beber a água fresca e geladinha.

Enquanto molhava o focinho, o cordeiro pensava:
— Que lugar maravilhoso! Aqui estou seguro e feliz.

Ele não imaginava que, escondido entre as sombras, havia olhos atentos o observando.

O lobo faminto

Nas proximidades, um lobo magro e faminto rondava a floresta. Havia dias que ele não encontrava uma boa refeição, e sua barriga roncava sem parar. Quando avistou o pequeno cordeiro no riacho, seus dentes brilharam de desejo.
— Ah, que sorte a minha! — disse o lobo em voz baixa. — Um cordeiro sozinho, indefeso e saboroso. Hoje não vou passar fome.

Mas o lobo sabia que não poderia simplesmente atacar sem motivo. Ele queria justificar sua maldade, encontrar uma desculpa para parecer que tinha razão.

Acusações injustas

O lobo se aproximou lentamente, fazendo estalos no chão com suas patas pesadas. O cordeiro levantou a cabeça, assustado, ao ver a sombra do predador se aproximar.

— O que você pensa que está fazendo aqui, cordeiro? — rosnou o lobo.
— Estou apenas bebendo água, senhor — respondeu o cordeirinho, tremendo de medo.

O lobo estreitou os olhos e disse em tom acusador:
— Você está sujando a água que eu bebo! Como se atreve a fazer isso?

O cordeiro, confuso, tentou se explicar:
— Mas… eu estou rio abaixo, senhor. A água que o senhor bebe vem de cima, e não poderia estar suja por mim.

O lobo não gostou da resposta e inventou outra acusação:
— Se não é isso, então foi você quem falou mal de mim no ano passado!

O cordeirinho arregalou os olhos e respondeu com a voz trêmula:
— Mas eu nem tinha nascido no ano passado! Sou apenas um filhote.

Mesmo assim, o lobo não desistia.
— Então, se não foi você, deve ter sido algum parente seu. Não importa, todos vocês são iguais! — rosnou, mostrando os dentes afiados.

A crueldade do lobo

O pobre cordeiro já não sabia o que dizer. Ele não havia feito nada de errado, mas o lobo estava decidido a encontrar uma justificativa para atacá-lo. Por mais que o cordeiro tentasse se defender, o lobo sempre arranjava uma nova desculpa.

No fundo, a verdade era simples: o lobo estava com fome e queria se aproveitar do mais fraco. Sem pensar duas vezes, ele avançou sobre o cordeiro, ignorando todas as explicações inocentes do pequeno animal.

A lição da fábula

A floresta ficou em silêncio depois do ataque. O riacho continuou correndo, os pássaros continuaram a cantar, mas a injustiça daquele dia ficou marcada.

A história do lobo e do cordeiro passou a ser contada entre os animais como um aviso: às vezes, aqueles que têm más intenções inventam desculpas para justificar seus atos. Não importa se os inocentes se defendem, pois quem deseja cometer injustiças sempre encontrará uma forma de fazer parecer que está certo.

Moral da história

Quem deseja praticar uma injustiça sempre encontrará uma desculpa, mesmo quando não existe motivo algum.

Lobo e cordeiro

A origem da fábula "O Lobo e o Cordeiro"

A fábula do Lobo e o Cordeiro também tem sua origem na tradição atribuída a Esopo, o famoso contador de histórias grego que viveu por volta do século VI a.C. Como em muitas de suas fábulas, os animais são usados para representar comportamentos humanos, transmitindo uma lição moral simples, mas poderosa.

No caso dessa fábula, o lobo simboliza a injustiça e a tirania dos mais fortes, que procuram justificativas falsas para prejudicar os mais fracos. Já o cordeiro representa a inocência e a fragilidade diante da opressão. A moral da história é atemporal: aqueles que querem praticar o mal sempre encontrarão uma desculpa, mesmo quando o inocente não tem culpa alguma.

 

Com o passar dos séculos, a fábula foi preservada e recontada pelos romanos, principalmente por Fedro, que adaptou várias histórias de Esopo. Na Idade Média, ela foi incluída em coleções de fábulas usadas tanto para educação moral quanto religiosa. Mais tarde, no século XVII, o escritor francês Jean de La Fontaine recontou a fábula em seus famosos versos, ajudando a consolidar sua popularidade por toda a Europa.

Assim, “O Lobo e o Cordeiro” sobreviveu de geração em geração, atravessando culturas e épocas, sempre reforçando a ideia de que a injustiça e a opressão existem, mas que é importante reconhecê-las e aprender com elas.